ESPÍRITO SANTO
Grego: Πνεῦμα Ἅγιον (Pneûma Hágion) | Strong: G4151 e G40.
90 ocorrências: Mt 1:18,20; 3:11; 12:32; 28:19; Mc 1:8; 3:29; 12:36; 13:11; Lc 1:15,35,41,67; 2:25,26; 3:16,22; 4:1; 11:13; 12:10,12; Jo 1:33; 14:26; 20:22; At 1:2,5,8,16; 2:4,33,38; 4:8,25,31; 5:3,32; 6:5; 7:51,55; 8:15,17-19; 9:17,31; 10:38,44,45,47; 11:15,16,24; 13:2,4,9,52; 15:8,28; 16:6; 19:2,6; 20:23,28; 21:11; 28:25; Rm 5:5; 9:1; 14:17; 15:13,16,19*; 1Co 6:19; 12:3; 2Co 6:6; 2Co 13:14; Ef 1:13*; 1Ts 1:5,6; 4:8; 2Tm 1:14; Tt 3:5; Hb 2:4; 3:7; 6:4; 9:8; 10:15; 1Pe 1:12; 2Pe 1:21; 1Jo 5:7; Jd 1:20.
* Ver nota 1

“Espírito” é a tradução do grego pneûma, termo que traduzido literalmente significa “sopro” ou “vento”. Nos escritos do Antigo Testamento ocorre o mesmo, onde o termo hebraico correspondente, רוּחַ (rúach), também possui o sentido de “vento” e “sopro”.2

Em apenas duas passagens do Novo Testamento pneuma não é usualmente traduzido como Espírito, mas como “vento” ou “sopro”:

“O vento [pneûma] sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito [Pneûma].”
João 3:8 - Almeida Revista e Atualizada

“E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo sopro [pneûma] da sua boca e destruirá pelo esplendor da sua vinda.”
2 Ts 2:8 - Almeida Edição Contemporânea

O termo “Espírito” geralmente é acrescido de “Santo” para se enfatizar a natureza santa do Sopro, indicando ser ele procedente de Deus, ou parte do próprio Deus, o qual é perfeitamente Santo (Is 6:3; Ez 39:7; Ap 4:8). Com efeito, Jesus ensinou que o próprio “Deus é Espírito” (Jo 4:24),3 sendo, portanto, compreensível que o Espírito Santo seja também chamado de “Espírito de Deus”.

Outros termos do NT para o Espírito Santo:

• Espírito de Deus: Mt 3:16; 12:28; Rm 8:9,14; 15:19,1Co 2:11,14; 3:16; 7:40; 12:3; 2Co 3:3; Ef 4:30; 1Jo 4:2;

• Espírito de seu Filho: Gl 4:6

• Espírito do Senhor: Lc 4:18; At 5:9; 8:39; 2Co 3:17,18;

• Espírito de Cristo: Rm 8:9; 1Pe 1:11;

• Espírito da Verdade: Jo 14:17; 15:26; 16:13;

• (o) Espírito: Mt 4:1; 10:20; 12:18,31; 22:43; Mc 1:10,12; Lc 2:27; 4:14; Jo 1:32,33; 3:5,6,8,34; 7:39; At 2:17,18; 6:3,10; 8:29; 10:19; 11:12,28; 21:4; Rm 8:2,4-6,9,11,13,15,16,23,26,27; 9:1; 15:30; 1Co 2:4,10,12,13; 6:11; 12:4,7,8,9,11,13; 2Co 1:22; 3:8,17,18; 5:5; Gl 3:2,3,5,14; 4:29; 5:5,16-18,22,25; 6:8; Ef 2:18,22; 3:5,16; 4:3,4; 5:18; 6:17,18; Fp 2:1; 3:3; Cl 1:8; 1Ts 5:19; 2Ts 2:13; 1Tm 4:1; Hb 9:14; 10:29; Tg 4:5; 1Pe 1:2; 4:14; 1Jo 3:24; 4:13; 5:6,8; Jd 1:19; Ap 2:7,11,17,29; 3:6,13,22; 14:13; 22:17.

• Consolador: Jo 14:16,26; 15:26; 16:7. 4

Além das referências acima, há duas outras passagens que possivelmente também se refiram ao Espírito Santo de outra forma:

• Espírito de Jesus Cristo: Fp 1:19 5

• Espírito [de Jesus]: At 16:7 6

De fato, há uma estreita relação entre Jesus Cristo e o Espírito Santo, o qual, como já vimos, pode também ser chamado de Espírito de Deus. O ministério público de Jesus, por exemplo, começou somente após o seu batismo por João, a respeito do qual os quatro evangelhos nos contam que:

"Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele."
Mateus 3:16

"Logo ao sair da água, viu os céus se abrindo e o Espírito descendo como pomba sobre ele."
Marcos 1:10

"E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: 'Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado'."
Lucas 3:22

"Então João testemunhou: 'Vi o Espírito descer do céu como pomba e repousar sobre ele. Eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e repousar, esse é o que batiza no Espírito Santo'."
João 1:32-33

Tanto a concepção de Jesus no ventre de Maria (Mt 1:18,20; Lc 1:35), quanto a sua ressurreição dos mortos (Rm 8:11) são atestados no NT como sendo obra do Espírito Santo. Por analogia, o mesmo Espírito também opera a concepção de Cristo no coração de quem crê no evangelho, pois, à semelhança de Jesus, o Espírito Santo é retratado como aquele que vivifica (Rm 8:11; 1Pe 3:18); santifica (Rm 15:16; 1Co 6:11; 1Pe 1:2); regenera (2 Coríntios 3:6; Tt 3:5) e justifica (1Co 6:11). Porém, somente aquele que realmente crê em Jesus deseja obedecê-lo e, sendo assim, pedirá em oração para ser transformado pelo Espírito Santo – não para se vangloriar, mas a fim de dar bom testemunho de Cristo para a glória de Deus.

“Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”
Lucas 11:13

"Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra."
Atos 1:8

“Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus. E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.”
Atos 4:29-31

“E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.”
Atos 5:32

Através da leitura do Novo Testamento fica evidente que o propósito da atuação do Espírito Santo na Igreja é glorificar a Deus por meio de seu filho, Jesus Cristo (Jo 15:26; 16:14; 1Co 12:3). Por esse motivo o Espírito coopera com os servos do Senhor, ajudando na oração (Rm 8:26), guiando no proceder (Jo 16:13; Rm 8:14; Gl 5:18), capacitando para a pregação e ensino7 (Jo 16:7-11; 1Co 2:1-5,13; 1Ts 1:5); orientando na obra missionária (At 13:2; 16:6-7) e instruindo na condução da igreja (At 15:28; 20:28), mas sempre segundo as Escrituras, as quais o próprio Espírito Santo inspirou (2Tm 3:16; 2Pe 1:20-21).

Aos que consideram que o Espírito Santo, ou Espírito de Deus, seja uma energia impessoal, sem vida própria, cabe a esses explicar como pode então o Espírito falar (Mt 10:20; Jo 16:13; Ap 2:7,11,17; 22:17), ensinar (Lc 12:12; Jo 14:26; 1Co 2:13); testificar (Jo 15:26; Rm 8:16) e se entristecer (Ef 4:30). E quanto aos que negam a divindade do Espírito, também lhes cabe explicar por que o Espírito é mencionado como sendo a verdade (1Jo 5:6) e sendo eterno (Hb 9:14), atributos que somente Deus possui.


Observação:
Em breve nosso glossário trará uma análise específica sobre o “fruto do Espírito” e os “dons do Espírito”.


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Notas

1. Há alguns poucos versículos onde as diferentes versões podem divergir. Identifiquei duas situações assim, mas pode haver outras. Primeiramente, Romanos 15:19, onde a versão ACF (Almeida Corrigida Fiel), que se baseia no TR (Texto Recebido), apresenta “Espírito de Deus”, enquanto as versões mais modernas e baseadas no TC (Texto Crítico) apresentam “Espírito Santo”. No entanto, não há qualquer problema nisso para os que entendem que “Espírito de Deus” e “Espírito Santo” dizem respeito ao mesmo Espírito. O segundo exemplo diz respeito a Efésios 1:13, onde algumas versões apresentam “Espírito Santo da promessa”, enquanto em outras lemos “Santo Espírito da promessa” (ARA). O fato é que, se traduzirmos literalmente, não está escrito nem de uma forma e nem de outra, mas como “Espírito da promessa, o Santo.” Sendo assim, “o Santo” foi outro modo como Paulo também se referiu ao Espírito de Deus, embora “o Santo” também se refira a Jesus Cristo em outras passagens do NT (Mc 1:24; Lc 4:34; Jo 6:69; At 3:14; Ap 3:7; 16:5).

2. “A palavra hebraica para ‘espírito’ é (ruach), e aparece 376 vezes no Velho Testamento. É traduzida 100 vezes como ‘Espírito de Deus’, ‘Espírito de Javé’, ‘teu Espírito’ e ‘Espírito Santo’. Nas demais vezes aparece como ‘espírito do homem’, ‘vento’, ‘sopro’ e ‘respiração’. (...) A versão grega do Setenta traduziu ruach pela palavra grega πνεῦμα (pneuma) de mesmo significado, traduzindo 49 vezes essa palavra hebraica pelo vocábulo grego anemos, que quer dizer ‘vento’. A palavra ruach não tem apenas um significado”. (Esequias Soares da Silva, Como Responder às Testemunhas de Jeová: comentário exegético e explicativo, p. 247).

3. Em algumas versões, João 4:24 apresenta o termo “espírito” com a inicial em minúsculo, enquanto outras apresentam-no com “E” maiúsculo. O fato é que todos os manuscritos mais antigos do Novo Testamento foram escritos com todas as letras maiúsculas, não havendo uma só letra minúscula em palavra alguma. Sendo assim, a decisão sobre onde o termo grego pneûma deve ser traduzido com inicial maiúscula fica por conta do próprio tradutor, ou de interesses teológicos da editora para a qual ele trabalha.

4. “Consolador” é a tradução mais usual para o termo grego παράκλητος (parákletos), que se origina da junção de παρά (pará - ao lado de, junto de) mais καλέω (kaléō, chamar). O sentido é o de alguém “chamado para estar ao lado, ou ajudar”. Por isso algumas versões traduzem parákletos também como Ajudador, Auxiliador, Intercessor, Encorajador e Advogado. No entanto, “Consolador” tornou-se mais usual pois “a Septuaginta usa o termo para falar de quem consola, quem está, pois, ao lado de quem sofre” (Cavallari, Os Evangelhos: uma tradução, p. 502).

5. Aos que argumentam que em Filipenses 1:19 o “Espírito de Jesus Cristo” não possa ser o Espírito Santo, sugiro que considerem Romanos 8:9, onde, inquestionavelmente, o mesmo Espírito Santo é chamado de “Espírito de Deus” e de “Espírito de Cristo”. Considerem também João 14:15-26, onde Jesus declarou aos que o amam que ele enviaria outro Consolador para neles estar (v.17), mas que também ele mesmo e o Pai fariam morada naqueles que o amam (v.23). Apesar de Jesus ter dito outro Consolador, a este “outro” ele chamou também de “Espírito da Verdade” (Jo 14:17; 15:26; 16:13), havendo dito isso pouco depois dele mesmo, Jesus Cristo, ter dito ser ele próprio “a Verdade” (Jo 14:6). Portanto, é muito provável que o “outro” diga respeito ao Senhor se apresentar de “outra forma”, ou seja, não mais corporalmente, mas apenas espiritualmente, habitando em cada crente que realmente o ama. Essa compreensão explica o fato de o Espírito Santo ser também chamado de Espírito de Cristo (Rm 8:9; 1Pe 1:11).

6. O colchete ocorre em Atos 16:7 porque a versão ACF (Almeida Corrigida Fiel), baseada no TR (Texto Recebido), não menciona “de Jesus”. Porém, além de constar nos manuscritos mais antigos, é muito difícil que “de Jesus” tenha sido um acréscimo, pois isso não faria sentido. O mais provável é que “Espírito Santo” (At 16:6) e “Espírito de Jesus” (At 16:7) sejam apenas dois modos de se referir ao mesmo Espírito de Deus, tendo em vista as passagens onde o encontramos sendo chamado de “Espírito de Cristo” (Rm 8:9; 1Pe 1:11).

7. O convencimento de pecados é operado naqueles que estão sendo evangelizados através de alguém que seja guiado pelo Espírito Santo (Jo 16:7-8). No entanto, isso não significa que o Espírito obrigue alguém a se arrepender, irresistivelmente. O mesmo texto que declara que o Espírito Santo convence do pecado, não declara que a pessoa convencida se arrependerá. Cabe ao ouvinte decidir não endurecer o seu coração ao chamado do Espírito Santo (At 7:51; Hb 3:7,8). Isso, no entanto, não significa que o homem seja o autor da sua salvação, mas apenas significa que Deus lhe permite rejeitar ao chamado da salvação pela graça por meio da fé em Jesus Cristo (Mc 10:21,22).

Texto atualizado em 31/03/2025
Autor: Seguidor de Cristo sem rótulo denominacional, pesquisador independente do Novo Testamento e da história do cristianismo, autodidata, dedicado a ensinar o evangelho e compartilhar meus conhecimentos gratuitamente, sem qualquer barreira e influência institucional. Porém, não sendo assalariado, admito necessitar de ajuda para prosseguir nessa missão, seja para realizar viagens missionárias de apoio a congregações, seja para investir na compra de livros e equipamentos para melhoria na gravação dos vídeos de ensino. Sendo assim, agradeço muito se puder apoiar o meu trabalho, seja com uma doação pontual ou mensal. Assim poderei continuar me dedicando a pesquisar e compartilhar minhas descobertas, bem como as conclusões a que tenho chegado. Imensa gratidão!
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