24 ocorrências: Mt 2:2,7,9s; 24:29; Mc 13:25; 1Co 15:41; Jd 1:13; Ap 1:16,20; 2:1,28; 3:1; 6:13; 8:10-12; 9:1; 12:1,4; 22:16.
A palavra grega aster, comumente traduzida como estrela, pode também significar um planeta, ou qualquer sinal astronômico visível a olho nu, tal como um cometa, por exemplo. Muitos defendem que os magos mencionados em Mateus teriam visto um cometa que interpretaram como o sinal do nascimento do rei dos judeus. Certamente eles compartilhavam da crença popular de que o surgimento de uma nova luz celestial sobre determinada região prenunciava o nascimento de um novo rei sobre aquele povo. Por isso disseram “sua” estrela (Mt 2:2), ou seja, a estrela do novo rei dos judeus. Porém, não poderia ser um cometa, pois que os cometas eram interpretados pelos astrólogos como sendo presságio para alguma grande desgraça. Sendo assim, os magos não teriam se alegrado com a aparição de um cometa. Além disso, traduções equivocadas do texto grego é que nos induzem a imaginar que os magos teriam visto uma estrela se movendo. O fato é que o texto original não diz em momento algum que uma estrela se movia, mas sim que um astro surgiu no oriente (Mt 2:1). E na continuação desse mesmo capítulo fica subentendido que o astro havia sumido do céu quando os magos chegaram em Jerusalém, pois que se alegram quando passaram a vê-lo novamente (Mt 2:10). Ora, se o viram novamente, isso significa que antes havia sumido. Mas o versículo 9, do modo como geralmente é traduzido para o português, transmite a ideia de uma estrela que se movia. Porém, o texto não diz tal coisa. A correção que se deve fazer em Mateus 2:9 é a seguinte:
“E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que viram a estrela o astro que tinham visto no oriente ia adiante deles, até que, chegando surgindo, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.”
As palavras riscadas, ou não existem no texto grego, ou foram mal traduzidas, e as que estão em negrito traduzem o texto mais adequadamente. Por exemplo: surgindo é a opção de tradução para o grego erchomai que está mais de acordo com o contexto, ao invés da tradução chegando. Para se facilitar a leitura e o entendimento, vejamos o mesmo texto reescrito com as devidas alterações:
“E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e viram o astro que tinham visto no oriente adiante deles, que, surgindo, se deteve sobre onde estava o menino.”
Sendo assim, após o encontro dos magos com o rei Herodes, o astro reapareceu no céu, junto ao horizonte, indicando para onde deveriam seguir. Enquanto os magos caminhavam em sua direção, o astro foi subindo no céu, tal como naturalmente acontece com o movimento dos planetas, até que “coincidiu” de os magos chegarem ao local onde Jesus estava quando o astro brilhava exatamente no centro do céu, sobre suas cabeças. Isso lhes confirmou que aquele menino recém-nascido era o rei dos judeus que eles buscavam. De fato, alguns astrônomos (não confundir com astrólogos) supõem que o astro visto pelos magos tenha sido uma conjunção dos dois maiores planetas do sistema solar, Júpiter e Saturno – um fenômeno que pode brilhar forte no céu como se fosse um único astro, e que é chamado na astronomia de Grande Conjunção. O famoso matemático e astrônomo Johannes Kepler foi o primeiro a publicar essa hipótese, em 1606, após descobrir que houve três Grandes Conjunções no ano 7 a.C., nos meses de maio, setembro e dezembro. Esse tipo de situação, sim, era considerado pelos astrólogos daquela época, como sinal do nascimento de alguém muito importante. Tendo em vista que Jesus Cristo nasceu antes da morte do rei Herodes (falecido em 4 a.C) é possível que seu nascimento tenha sido em 7 a.C., ou seja, três anos antes de Herodes morrer – período em que José teria permanecido com sua família no Egito (Mt 2:13-15). Porém, aqui estamos no campo das hipóteses. Não podemos afirmar categoricamente que tenha sido uma Grande Conjunção que chamou a atenção dos magos, pois pode também ter ocorrido uma intervenção divina direta, fazendo surgir momentaneamente um novo astro no céu, e sem qualquer paralelo com eventos astronômicos detectáveis pela ciência. Para Deus não há impossíveis.