AMAR, AMOR
Verbo: amar | Grego: ἀγαπάω (agapaō) | Strong: G25
147 ocorrências, sendo a primeira em Mateus 5:43.

Substantivo: amor | Grego: ἀγάπη (agapē) | Strong: G26
115 ocorrências, sendo a primeira em Mateus 24:12.

O verbo grego agapaō, ou seu substantivo correspondente, agapē, possui um significado específico, que se distingue do amor carnal (eros) e do amor de amizade (philia). Enquanto eros sempre envolve algum desejo sexual, e philia pode durar apenas enquanto houver alguma afinidade, agapē se trata do amor que não se baseia em qualquer interesse particular, mas que visa somente o bem do próximo. Deste modo, agapē se trata da perfeita descrição do amor de Deus por nós, e do perfeito amor que devemos ter uns pelos outros.

Embora eros e philia também possam ser traduzidos para o português como “amor”, eros não ocorre em parte alguma dos manuscritos gregos do Novo Testamento, e philia aparece somente em Tiago 4:4, onde geralmente é traduzido como amizade: "Não sabeis que a amizade (philia) com o mundo é inimizade com Deus?" Porém, philia é o substantivo correspondente do verbo phileo, o qual possui ocorrências no NT, mas em poucas passagens: Mt 6:5; 23:6; Jo 5:20; 11:3; 15:19; 16:27; 20:2; 21:15-17; 1Co 16:22; Ap 3:19 (Confira a nota no rodapé).

O apóstolo Paulo ressaltou as principais características do agapē em sua primeira epístola aos Coríntios (cf. 1Co 13:4-8). Ao refletir no conjunto dessas virtudes, abaixo relacionadas, percebemos que somente Deus pode gerar em alguém um amor com tamanha perfeição.

O amor (agapē):
É paciente,
É benigno,
Não é invejoso,
Não trata com desprezo,
Não se ensoberbece,
Não se porta com indecência,
Não busca os seus interesses,
Não se irrita,
Não guarda mágoa,
Não se alegra com a injustiça,
Alegra-se com a verdade,
Tudo sofre,
Tudo crê,
Tudo espera,
Tudo suporta,
Jamais acaba.

Este capítulo, 1 Coríntios 13, encerra-se com uma surpreendente exaltação de Paulo ao amor agapē:

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.”
(1 Coríntios 13:13)

O que torna esse versículo surpreendente é que o próprio Paulo tenha exaltado o amor agapē acima da fé. No entanto, isso não significa que sejamos salvos pelo amor, e não pela fé, como alguns equivocadamente interpretam. A correta interpretação de 1 Coríntios 13:13 está em seu contexto, o qual nos revela que Paulo compreendia que o amor agapē deveria ser o resultado prático esperado de alguém que tivesse verdadeira fé em Cristo. Essa mesma verdade, sobre a fé resultar na prática do amor, podemos encontrar em outras epístolas:

“Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.”
(Gálatas 5:6)

“E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.”
(Tiago 2:15-17)

“Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.”
(1 João 3:16-18)

Portanto, agapē não se trata de um sentimento, mas do amor divino em ação, ou seja, do amor colocado em prática por aqueles que realmente amam a Deus. Por esse motivo Jesus Cristo declarou que o mandamento de amar o próximo é semelhante ao mandamento de amar a Deus (Cf. Mateus 22:36-40 e 1 João 4:20,21).

Aquele que não ama
não conhece a Deus;
porque Deus é amor.
(1 João 4:8)


Nota

Dentre as poucas ocorrências de phileo, a passagem de João 21:15-17 merece maior atenção. Nela encontramos agapē e phileo sendo igualmente traduzidos pela conjugação do verbo amar na maioria das versões em português. Alguns defendem que isso não deveria ocorrer, tendo em vista que agapē tem um significado de amor perfeito, enquanto phileo seja um amor de amizade. Porém, outros acreditam que João tenha usado phileo como sinônimo de agapē, visando não repetir muito esta palavra. Fato é que no aramaico, idioma em que deve ter ocorrido o diálogo entre Jesus e Pedro, não há palavras específicas que façam distinção entre “amor perfeito” e “amor de amizade”. Sendo assim, ou Pedro disse em aramaico que apenas gostava de Jesus, e não que o amava; ou disse que o amava, mas em grego isso foi escrito como phileo, e não como agapē. Não há consenso entre os exegetas a esse respeito.

Autor: Sou um seguidor de Cristo sem rótulo denominacional, autodidata, pesquisador independente do Novo Testamento e da história do cristianismo, dedicado a ensinar o evangelho e compartilhar meus conhecimentos gratuitamente, sem qualquer barreira e influência institucional. Porém, não sendo assalariado, admito necessitar de ajuda para prosseguir nesta missão, pois constantemente preciso adquirir livros que são raros e caros, os quais contém informações não disponíveis na internet, mas que tenho compartilhado gratuitamente. Sendo assim, agradeço muito se puder retribuir, tornando-se um apoiador do meu trabalho, seja com uma doação pontual ou mensal. Assim poderei continuar me dedicando a pesquisar e compartilhar minhas descobertas, bem como as conclusões a que tenho chegado. Gratidão!
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