Jesus Cristo foi bem claro e direto em ordenar aos seus discípulos, a começar pelos apóstolos, que não houvesse títulos e hierarquia entre eles, mas que todos fossem igualmente irmãos, e que humildemente servissem uns aos outros em amor (Mt 23:8; Mc 10:42,43; Lc 22:24-27; Jo 13:13,14). Porém, a despeito disso, poucas décadas após a morte e ressurreição do Senhor, pessoas que se diziam cristãs começaram a se portar como se fossem líderes sobre congregações, como no caso de Diótrefes, mencionado na terceira carta de João.
Diótrefes foi o primeiro exemplo de muitos que tiraram o foco de Cristo e passaram a atrair “os discípulos após si”, tal como Paulo havia alertado em seu discurso aos anciãos de Éfeso (At 20:29,30). Nesse mesmo discurso o apóstolo enfatizou a humildade com a qual ele pregava e ensinava, a ponto de chorar, ao invés de ser impositivo e autoritário (At 20:19,20,31). Escrevendo aos irmãos que congregavam em Colossos ele advertiu: “que ninguém vos faça presa sua” (Cl 2:8), e aos Efésios lembrou que a igreja é como um corpo, do qual somos todos membros, mas cuja cabeça que o comanda é uma só: Cristo (Ef 4:15,16). Ou seja, nenhum membro pode se tornar cabeça, líder de outros membros. Em defesa dessa mesma verdade, Paulo ensinou na Epístola aos Filipenses um princípio de humildade que anula qualquer pretensão de haver algum irmão no comando dos demais: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3).
Nesta introdução, que necessita ser breve, falta-nos espaço para se mencionar muitas outras passagens do Novo Testamento que contrariam a ideia de haver hierarquia na igreja. A despeito disso, sabemos que os que defendem o modelo hierárquico apresentam diversos versículos para justificá-lo. Ora, como isso é possível? Evidentemente que não pode haver contradição entre o ensinamento de Jesus Cristo e dos seus apóstolos. Sendo assim, necessitamos averiguar o que diz o texto original grego, pois, geralmente, são as traduções que prejudicam o seu correto entendimento.
As referências a seguir englobam uma lista das passagens que foram traduzidas de modo anacrônico, ou seja, para adaptar-se ao modelo convencional de se congregar, onde há governo humano, títulos e hierarquia eclesiástica. Porém, antes de prosseguirmos, é muito importante se esclarecer que os termos “apóstolo, ancião, presbítero, diácono, pastor, profeta, mestre, doutor, evangelista”, não eram entendidos como títulos pelos primeiros discípulos de Cristo – razão pela qual nunca são citados antes do nome de alguém nos escritos do Novo Testamento. Em nosso Glossário analisamos o significado correto de cada um desses termos, resgatando o seu sentido original. Por hora, nos basta lembrar que nada tinham a ver com títulos ou posição hierárquica.
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